A instrumentalização do caso do Very Light
A coisa repete-se desde a final da taça, dia fatídico a que não pude assistir in loco, por motivos profissionais.
Assim que vi o malogrado adepto com o engenho ainda a arder, por via da estupidez de outro adepto, levei as mãos à cabeça exclamando que nenhum futebol vale uma vida.
Mantenho a ideia, por mais paixão, a vida é um direito inalienável.
Acontece que o criminoso cumpriu pena.
Acontece que não foram os Benfiquistas ou o Benfica, que assassinaram por negligência, um adepto do SCP.
Apesar disso, sempre que algum jogador desse clube é indiciado por violência desportiva ou por comportamento anti desportivo, o caso é repescado.
Os sportinguistas que usam esta argumentação estão-se borrifando para a vida dos que morreram em recintos desportivos.
Simplesmente o que fazem é instrumentalizar este triste episódio, para fins retóricos e de silenciamento dos interlocutores.
Mais do que manifestar má fé, revela a vitimização instrumental que emana também de um não se saber ganhar.
Dois adeptos sportinguistas foram mortos por adeptos sportinguistas. As mortes desses não contam, porque foram mortos por sportinguistas, igualmente por acidente.
Mais recentemente, foi o Di Maria que agrediu o Pote. Encostou, pasme-se, a cabeça a um fiscal de linha.
O Nuno Santos ter desfigurado uma adepta, e o Matheus Reis ter cabeceado uma criança, não contam para nada no clube da superioridade moral.
Ano após ano, repescam o caso very light quando dá jeito. Ninguém se demarca do mesmo, mesmo gente com dois dedos de testa, como Carlos Barbosa da Cruz.
O que apenas denota que o clubismo se tornou num credo ou seita que secundariza o pensamento crítico.
O Samu foi gozado e insultado por causa da sua cor de pele.
O mesmo reputado advogado, e presidente do grupo Stromp, foi lesto a criticar o que se passou com Marega, mas apenas porque ficou bem, nas tv's onde espalha a sua isenção.
Toda a gente meteu as mãos à cabeça, com a gravidade do caso. Samu calou-se e não se vitimizou por tal lhe ter acontecido.
Isto tem de ser notado por dois motivos, para esta malta a moralidade é instrumental, e justifica-lhes os ódios, e de uma vez por todas, os Benfiquistas têm de começar a desmobilizar o argumento do 'very light', o criminoso foi julgado e condenado, cumpriu pena, mas parece que para alguns sportinguistas, o Benfica e os seus adeptos têm de continuar a ser julgados e condenados pelo mesmo crime, durante décadas.
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