Psicologia evolutiva e o 'jogador à Porto' como imitação


 (não é saudosismo, mas a última equipa com nervo, à BENFICA)



Tal como a compreensível, mas serôdia, tentativa de refundar uma postura diferente em relação aos jogos com o clube já condenado por corrupção desportiva, é agora usada como motivo de regozijo e gozo, por comentadores básicos e truculentos, também a antevisão de uma derrota no SLB no campeonato que aí vem, será utilizada para rebaixar o NOSSO CLUBE.

Aqui

Tal como fizeram com a referência aos milhões gastos por Vieira na equipa de JJ, 'para ganhar rápido'.


Temos repetido aqui neste blogue, que quem mais quer ganhar, tem mais possibilidades de ganhar.


Não é necessário jogar como os caceteiros para ganhar aos caceteiros. Temos de jogar mais.

O que nunca alguém fez no desporto nacional, foi dizer porque é que o estilo de jogo truculento e trauliteiro do clube já condenado por corrupção desportiva, foi e é eficaz.


Em conversas de roulotte no final dos jogos, Benfiquistas anónimos olham para nós como se fôssemos oriundos de Marte, quando dizemos que o jogador do Benfica é demasiado apaparicado e que isso lhe diminui a possibilidade endocrinológica que o aproximaria da vitória.


No clip seguinte, o psicólogo evolutivo Gad Saad explica que na vitória das equipas, está envolvida a variação na testosterona dos adeptos. 


(JRE todos os direitos reservados)

Quando a nossa equipa ganha ou perde, há uma variação na testosterona, que obviamente explica o sentimento de empoderamento, euforia até, que nos apraz sentir.

Se nos sentimos bem, com a vitória de uma entidade alheia, de 11 tipos a dar pontapés numa bola, imagine-se o que sentirão os jogadores, quando vencem um adversário.

E aqui está o busílis da questão. Se um jogador, encara o oponente com a naturalidade desportiva, a sua componente endócrina é uma. Se encara o oponente como inimigo, é outra. Tem a ver com a antropogénese, e com o papel da agressividade na civilização. Não é à toa que todos os sistemas de condicionamento físico militar, visam o aumento dos níveis de agressividade.


Portanto, a cada adepto que diz que 'nós' somos ou estamos acima desses trauliteiros, que fique a saber que os índices de agressividade têm uma influência directa, na percentagem de vitórias.

Não há volta a dar, os índices de testosterona influenciam resultados.

Claro que isto não invalida que as manobras de bastidores, permitem que os níveis de agressividade sejam levados, por um clube, para lá do que é a base ética do desporto.


O maior cancro na cultura desportiva do SLB, foi a perda de virilidade dos habitantes do balneário.

Cremos que tal decorreu do aburguesamento da massa adepta. Por sua vez, esse aburguesamento, decorreu do aumento do conforto material dos adeptos. 

No tempo da velha senhora, as tais emoções aprazíveis decorrentes da libertação de testosterona pela consequência da vitória sobre a tribo oponente, eram um dos poucos pontos altos na vida dos adeptos, geralmente indigentes. E por isso estava mais em jogo para eles, e eram mais exigentes do que são hoje.


O SLB foi transformado numa marca comercial, e um suposto desportivismo, woke, elevado ao mesmo nível de importância da vitória.

Por isso os adeptos do SLB são menos exigentes e mais compreensivos. E isto passa para os jogadores.

Enquanto no SLB a vitória é uma questão de desportivismo, e noutros clubes que pagaram viagens a árbitros, é um drama de vida ou de morte.


É mais que sabido que a maior parte da massa adepta do tal clube condenado por dopping no ciclismo, é oriunda das camadas menos abonadas financeiramente, da região do Grande Porto. Além disso, o presidente deles, utiliza o mecanismo de ódio tribal há mais de 40 anos, para não só acicatar ódios mobilizadore e unificadores, mas também para angariar apoio na região que o Frutabol Clube do Porto, diz representar. No fundo, um centralismo cujo centro é o Estádio do Dragão.


Portanto, temos de fazer duas coisas.

Deixar de considerar de forma moralista, as canalhices do presidente do clube já condenado por corrupção desportiva. E passar a ver as mesmas como uma forma de capitalização da natureza psicológica humana, com a finalidade da vitória. 


Temos de passar a contratar jogadores que tenham elevados níveis de competitividade e intensidade.

O motivo pelo qual entramos em euforias, decorre de um apequenamento do SLB. Vibramos com a constituição das equipas com bons jogadores, porque isso liberta oxitocina, e porque parece que é algo de extraordinário o SLB ter grandes jogadores.


Sempre teve.


Mas no passado, não falhava a presença de vários jogadores cuja principal técnica era essa vontade de ganhar e de sacrifício em prol do grupo. Quem acha que com 10 Di Marias ganhávamos tudo, acha mal.

São necessários jogadores com mentalidade ultra competitiva. Com potência física que permita ganhar duelos no meio-campo (veja-se a última partida com o Burnley). No nosso meio-campo ofensivo, não temos um único jogador com mais de 180 centímetros de altura.


Florentino, o mais alto, do meio-campo defensivo, tem 184 centímetros de altura.

Há uma falta gritante de capacidade física no nosso meio-campo. Mais, nenhum dos jogadores, tirando Neves, tem níveis de agressividade aceitáveis.


O SLB abdicou há uns anos, de jogadores talentosos e corpulentos. 

Por vários motivos.


Temos de começar a olhar para este 'enconamento' de forma fria e desapaixonada. 

Nenhum dos nossos avançados mete em sentido algum defesa central de equipa de meio da tabela, em qualquer liga europeia.


Não existe'jogador à Porto'. 


O que existe é uma demissão do SLB no que concerne aos índices físicos, na contratação de jogadores.

Uma subalternização dos jogadores fortes psicologicamente.

E por fim, uma crença infantil baseada exclusivamente na ideia, de que o talento por si só, ganha os jogos.


Schwartz, Veloso, Paneira, e outros que vimos no relvado da Luz, podiam ter maus dias, mas davam sempre o litro. E mesmo assim, não ganhavam sempre.


O SLB sempre teve equipas aguerridas.

O chamado 'jogador à Porto' não passa de um decalque dos jogadores do SLB até aos anos 70.


Não é preciso inventar a roda. Apenas reaprender as lições que aprendemos no passado. Especialmente os directores.






Comentários

  1. Um dos melhores textos que vi nos últimos tempos na blogosfera benfiquista.
    Parabéns.

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  2. É isto mesmo. Concordo com cada letra. É esse tipo de jogador que nos permitirá ir para o nível seguinte e ombrear com os batoteiros sendo melhor que eles mentalmente e fisicamente.

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    1. Sim, a parte técnica é importantissima, mas não é o único vector a considerar. Temo que Rui Costa, por ter sido um virtuoso, caia no erro de descurar outros aspectos nas contratações. Relembro que foi ele que trouxe Aimar e Saviola, e que não me lembro de algum jogador indicado ou trazido por ele, com mentalidade competitiva acima da média. Taarabt foi outra dessas contratações. Uma equipa tem de ter uma combinação de virtuosos e de carregadores de piano. Viva o BENFICA!

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  3. Muito bem, sobretudo a frase "O chamado 'jogador à Porto' não passa de um decalque dos jogadores do SLB até aos anos 70". Não é por mero acaso que existe a expressão "Sou de um clube lutador" está no nosso Hino. O clube lutador (ou de lutadores) é o Benfica, vimos quase todos os nossos fundadores "traírem-nos" indo para aquele que se tornaria o nosso maior rival durante a primeira metade da nossa existência, e que era um clube associado às elites e ao poder. Mas mesmo assim após imensa luta superámo-los, tornando-nos nos maiores dominadores do futebol português desde a segunda metade da década de 50 até ao final da década de 80.

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    1. O Mário Coluna, fez um jogo quase inteiro, com o braço partido, sacrificado-se em nome do colectivo. Ser lutador não é ser trauliteiro. Trauliteiros são os outros lá de cima. O zborden também se aburguesou, mais rapidamente e mais profundamente, precisamente por causa dessas origens de berço de ouro. Temo um aburguesamento mais profundo ainda, do nosso Clube. Daqui a uns tempos estamos a celebrar vitórias morais. Viva o BENFICA!

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