Os resultadistas

    A divergência de opinião, é um dos mais importantes factores para a acumulação e revisão de conhecimento, e evolução pessoal.

 

No diálogo racional há sempre uma progressão e estímulo, dependendo muito da intenção dos intervenientes.

No BENFICA tem de haver oposição, contraposição de ideias.

No BENFICA têm de ser extirpados os resultadistas.

 

Os resultadistas são a negação da oposição.

Durante 20 anos, vimos asfixiamento ou codependência da oposição, a troco de umas vitórias e a troco de umas posições na ‘estrutura’.

 

Para o resultadista, apenas o resultado interessa.

Se estivermos a ganhar, tudo está bem, mesmo que um presidente compre um iate chamado ‘Lucky Me’.

O resultadista é no fundo, um indivíduo com uma errada concepção ontológica.

O resultadista acha que o resultado decorre de uma boa mentalidade e organização/gestão, que só podem ser boas, porque o resultado, o comprova.

Quando o que realmente acontece é que com boa organização e gestão, surgem os resultados.

O senhor do palheiro, tinha a 4ª classe mas era inteligente nisto, aludindo sempre ao factor ‘gestão’ como promessa de sustentabilidade futura, quando hoje sabemos que tal artifício era para justificar a falta de resultados decorrente de desinvestimento.

 

Eu sou resultadista, só estou bem com o BENFICA a ganhar em todas as modalidades, em todas as provas onde estamos envolvidos.

Não sou resultadista à cashball ou à W52.

 

Mas a minha veia resultadista, não dá para mais. Se me perguntarem se quero ver o SLB como posse de um monopólio saudita, e a ganhar sempre, não quero.

Se me perguntarem sobre a transformação do SLB em comunidade de grandes investidores, a la Textor, não, obrigado. Gosto do SLB como é, sendo dos sócios.

 

Todos os Benfiquistas concordam com o mesmo, querem ver o SLB a ganhar, contínua e consistentemente a ganhar.

 

Os não resultadistas, sabem que isso só é possível com uma intransigente pressão para melhorar a gestão, os quadros humanos, e a capacidade de dar respostas à evolução do mundo e do desporto.

 

Aos resultadistas só interessa o resultado, e quem o obtenha.

 

O não resultadista não é como o lagarto dos anos 2000, onde perdiam sempre, mas diziam que eram diferentes.

No SLB não existem vitórias morais, porque a moralidade é a vitória. Porque da moralidade DECORRE a vitória.

Foi isso que levou à fundação do Clube numa altura em que exisitiam clubes por todo o lado.

A ‘moralidade’ que aqui refiro, é a personalidade do Clube. O que o faz distinguir dos outros, e que vai além da cor dos equipamentos e dos símbolos.

Essa diferença tem-se esbatido, mas ainda existe e deve ser reforçada e incentivada.

 

Várias vezes alertámos para isto, por exemplo no blogue de referência Novo Geração Benfica, até começarmos a ver os comentários bloqueados, quando apenas dizíamos que algo ia mal no tempo do senhor do palheiro, apesar das vitórias. Por apontar a incongruência de alguns dos autores do referido blogue.

 

Acabámos por decidir fazer um novo blogue, aberto a todos, mas fechado a trolls que recentemente acharam que por discordar da opinião que liam, achavam que podiam inundar a caixa de comentários com insultos e bocas foleiras a outros Benfiquistas.

 

Resultadistas de cepa para quem o actual estado de coisas é caso para calar qualquer inquietação e aquiescer ao status quo, pois ‘em equipa que ganhe não se mexe’, mesmo que essa equipa não tenha cumprido até agora, nem a auditoria forense, nem a revisão estatutária.

 

Relembro que também Varandas teve sorte ao escolher um treinador. E agora voltou-se a pegar com as claques.

Ou seja, o não resultadista olha para as coisas, SOBRE, a espuma dos dias.

 

Faça o caro leitor, o exercício, SE tivéssemos sido eliminados da Champions, SE o Caldas tivesse ganho nas penalidades, e SE estivéssemos em 3º no Campeonato, haveria mais consenso na necessidade de alterar tudo, de despedir este e aquele. E não é preciso fazer um grande exercício de imaginação para perceber que podia facilmente ter acontecido.

A gestão de um clube tem de estar dependente de obter resultados consistentes a médio e longo prazo, e não de resultados de futebol. Se isto significa que nos devemos resignar com derrotas? Nunca.

Mas temos de estar sempre à procura de melhorar, inovar e preparar a nossa ‘estrutura’, para o porvir, de forma organizada, e não para ‘ganhar rápido’ como outro disse.

O Clube tem de estar dependente desta mentalidade de fazer sempre e cada vez melhor, e não apenas daqueles que conseguem (ou lucram com a ‘sorte’) lograr alguns resultados desportivos, para os quais devia ser ‘peaners’ dada a grandeza do SLB. Alguma vez ganhar à Juve ou ao PSG é motivo para rasgar as vestes?

Como é que é possível a bipolaridade de afirmar no café que o SLB é o maior Clube do mundo e depois exultar não derrotas com outros clubes, por maior dimensão europeia que possam ter?

Como é possível afirmar que somos 6 milhões, se mantemos na estrutura gente há décadas, sem fazermos renovação?

Claramente o Rui Costa não é o meu presidente, se tivesse que escolher. Traz vícios (especialmente na linguagem corporal e na organização do discurso) que aprendeu com a direcção anterior. Claramente resultadista, pois considera que se repetir o que fez outro, pode conseguir repetir 19 anos no ‘poleiro’.

 

Acredito que RC acredita ser o melhor para o SLB, isso não coloco em causa.

O que coloco em causa não é a sua crença, mas a sua capacidade para ser o presidente que o SLB precisa.

E as provas estão aí, vídeos parolos a celebrar uma vitória sobre um rival, que são difundidos, completa mansidão perante a comunicação dos adversários, apatia a trazer de novo o SLB a liderar o futebol nacional.

Dá palco e visibilidade a figuras subalternas e com más práticas no uso dos meios do Clube, com elas partilhando uma legitimidade que não foi sufragada pelos sócios.

Eu quero ver o SLB ganhar constantemente, independentemente das figuras que por lá estão.

E sim, refiro-me também a Rui Gomes da Silva e outros com capacidade análoga.

É necessária uma oposição forte, inteligente, e BENFIQUISTA, que coloque pressão para que os eleitos façam melhor. Uma oposição que pode criticar os rivais, protegendo a figura do presidente, e chamando a essa crítica ‘campanha eleitoral’.

São menos multas que se pagam. E se Rui Costa tem o rabo preso, ao menos falam outros, defendendo o SLB.

Entre Rui Costa e Rui Gomes da Silva, claramente escolheria o segundo, pois tem a postura que acho que o Clube devia assumir.

Garanto que não teria dado abraços e passoubéns ao senhor Jorge Nuno.

 

Garanto que se iria opor totalmente à centralização que está a ser cozinhada e apadrinhada no SLB, pelo funcionário DSO.

 

Ter opinião contrária, oposicionista, no SLB, não é ser anti Benfiquista.

Estamos unidos na necessidade e felicidade das vitórias.

 

Discordamos é na forma como obter essa consistência na vitória.

 

Temos de extirpar os resultadistas plenos, e todos aqueles que querem abafar a divergência de opinião, identificando-a com a falta de Benfiquismo.

 

Todos os Benfiquistas querem o mesmo.

Podem é não querer os mesmos.