Vasco Mendonça e a efeminação da exigência no Benfica

 


Pode parecer ao leitor, que existe alguma animosidade com Vasco Mendonça.

Não há.

Pode parecer ao leitor que existe uma crítica a outro Benfiquista, que devia ser localizada para os inimigos, e realço a palavra ‘inimigos’, e visa, afinal, outra pessoa que gosta do mesmo Clube que nós.

 

Não é o Benfiquista Vasco Mendonça, que volto a criticar. É a ideologia delicodoce que ele representa.

Se esteve magistral quando chamou boneco ao Aníbal Pinto, demonstrando coragem e hombridade, na maior parte das vezes dá corpo ao espírito das mãos dadas e cantarmos todos canções de redenção à volta da fogueira.

 

É o homem do dar a outra face, como se nos últimos anos a face Benfiquista não tivesse sido tão esbofeteada.

 

Não Vasco. As nuvens não são feitas de algodão-doce. Não, o mundo não é um lugar homogéneo onde todos damos as mãos para realizar o Céu na Terra.

 

Pensava que alguns anos de observação do futebol nacional, te tinham ensinado isso.

O parasita não negoceia com a vítima, o predador não chega a consensos com a presa. O mundo é um lugar horrível, onde apenas a ilusão da civilização convence, de que há lugar a elevações morais.

 

Se num dos textos do Vasco que criticámos aqui, apontámos que os nossos inimigos (há muito que deixaram de ser adversários) deixaram de merecer qualquer complacência e bondade ou apaziguamento da nossa parte (Benfica e Benfiquistas), pelo dano sistemático, intencional e em colaboração com outros clubes da 2ª Circular, neste texto, o Vasco defende que devemos levar com ligeireza, a total falta de respeito de um jogador – Grimaldo – para com o clube.

 

O Vasco parece apontar como paradigma, um mundo onde a elevação dos modos cristãos, se sobrepõe ao fundamentalismo judaico, tão bem expresso num texto anti-semita designado ‘O Mercador de Veneza’.

 

« Ninguém duvida que os atletas devem respeito ao emblema e aos adeptos, mas fazer de Grimaldo

um exemplo desta forma revela que alguns benfiquistas acreditam em bullying como uma

tática psicológica eficaz ou que querem simplesmente escorraçar o espanhol do clube.»

Vasco dixit.

Vasco defende que um cônjuge adúltero se trata com admoestação em tom de voz baixo, e não com um corte radical de relações a partir do conhecimento da traição.

Vasco acha que uma bofetada na mão se resolve com um silêncio castigador, como se o agressor que deitou o telemóvel do Varandas ao chão, alguma vez fosse capaz da introspecção examinada a partir de uma ética estóica.

 

O Vasco quando o bully ataca, ofende e agride, defende a complacência e a compreensão. Excepto quando acha que os bullies são os adeptos, que devem ser despojados do direito à indignação.

Pelo menos enquanto não arranjamos outro lateral.

 

Numa situação hipotética, o Vasco toleraria o adultério, se a hipotética esposa ou esposo adúlteros soubessem cozinhar, ou pelo menos, cozinhar melhor que ele. Tolera a traição com calculismo, e dá a outra face porque se sente superior moralmente. Vasco a isto chama de ‘pragmatismo’.

Como que dizendo que o mundo é cão, mas que temos de nos desenrascar com o que temos. Como é que é Vasco, temos de manter uma postura ética elevada, ou temos de ganhar como podemos?

 

O Vasco percebe, por isso chamou boneco ao outro. O Vasco está a fazer render o ‘lugar’ de cronista no jornal A Bola. E por isso não convém ser polémico, apenas tépido.

O homem que tem consciência da violência das cascas de banana, vir apelar à paz universal, não passa de alguém que apela à própria opressão que se pretende suprimir.

Alguém que diga ao Vasco que nenhuma alteração de estado se efectua sem aplicação de força ou energia.

Mas não é alteração de estado que o Vasco quer. É a manutenção do Grimaldo, um jogador que não sabe defender, mas que joga a defesa. Que não sabe centrar, que não sabe ir à linha, e que é consecutivamente escolhido para alvo de ataque pelos treinadores adversários.

Ah, mas o Grimaldo marca, e assiste muito. Contabilizem os ataques com sucesso ocorridos pelo lugar dele, e quantos golos sofridos por acção directa dele. Grimaldo não serve para o Benfica, Grimaldo não tem mentalidade para o Benfica.

Toni foi assobiado, Humberto Coelho foi assobiado, Néné foi assobiado. Quem és tu Vasco, para dizer que Grimaldo não deve ser assobiado?

Que tipo de adepto és tu, posso retorquir, para defender um jogador que há muito devia ter saído do clube, e que é sempre causa de estarmos mais perto das derrotas que das vitórias?

 

Mister Vasco desabafa:

« Por muito que não tenha cumprido toda a promessa ao longo destes anos, Grimaldo tem sido um dos

atletas mais consistentes e competitivos do Benfica nos últimos anos.»

 

Consistente na mediocridade e competitivo por falta de concorrência? Não ter cumprido a promessa? Qual, a de ter vindo do Barcelona por causa do mesmo tipo de birra? A verdade é só uma, no episódio da convocatória, ele achava que não voltava ao SLB, que ia representar outro clube. Ponto.

O Barcelona roeu a corda, e é por isso que o vês sorridente a treinar agora. E assim tivemos uma imagem clara de como ele vê o SLB, e de porque gosta tão pouco de correr para corrigir as bostadas que faz.

 

Vasco, que pensas tu ser o Benfica, para defenderes que ele pode não ser perfeito, mas é o que temos e temos de nos contentar?

Mas tu por acaso descobriste o Benfica na BTV, ou em algum quiosque no Colombo?

No Benfica jogam os melhores. Que Grimaldo não é, de longe.

 

Mostrou a mentalidade que o Clube precisa?

Qual mentalidade? A do rei de Espanha? És monárquico Vasco?

« Serei a última pessoa a defender complacência ou excessiva simpatia na gestão dos jogadores, e amuos como o de Grimaldo são inaceitáveis, mas não vejo aqui o fim do caminho.»

Vasco, devemos ter noções diferentes de ‘inaceitável’.

Para mim é algo que não é aceitável. Não obedece a graus, não existem inaceitáveis mais aceitáveis que outros.

O que é isso de foi inaceitável, mas pronto, que não se repita, e tens de correr mais um pouco?

Esta ideologia dondoca, partilhada por muitos, é o que está a levar o Clube para o abismo. Ganhar ou perder é desporto, e daqui a uns tempos estamos como os lagartos, a dizer que não ganhamos mas somos especiais.

Esta é uma mentalidade frouxa, panhonha e desprezível. É também cínica, torna os adeptos em reféns de jogadores que sabem dar toques na bola. Quando se decidem correr para chegar a ela.

Como verá o restante balneário, esta mensagem de que não existem consequências para o desrespeito ao Clube?

O Vasco não pensa nisto, não tem tempo, prefere ver como pode aumentar os leitores do A Bola. Quem sabe ser convidado para comentador em algum canal.

Parabéns Vasco, com esse nível de exigência, estás a dar armas aos inimigos, ao contrário dos adeptos que não pensam como tu. És, no A Bola, um veículo de propagação da baixa exigência no Clube.

 

 

 

 

 

 

P.s.:

Parece, espero que seja só mais um rumor, que estão a pensar incluir Morato nas negociações por Horta.

Eu não quero acreditar.

Comentários

  1. É este tipo de mentalidade que se instalou nos adeptos do Benfica e que muito contribuiram para estarmos como estamos hoje. O pior é que os comentadores afetos ao Benfica, com audiência que vão às televisões e escrevem nos jornais que deviam defender o Benfica têm praticamente todos esta mentalidade. Uma mentalidade 'fôfa', o que facilita sobremaneira a estratégia dos adversários. E pior, educa erradamente muitos adeptos que se tornam adeptos 'chiques' que querem um Benfica 'chique' com jogadores 'chiques'. Jogadores esses que nunca vão sujar os calções pelo Benfica. E assim chegámos aqui. Em que o supra-sumo dos benfiquistas são os Grimaldos e Weigls, em que jogadores campeões são maltratados e jogadores perdedores idolatrados e defendidos até à exaustão, por mais que o tempo, os jogos e as vitórias dos outros indiquem o contrário.

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    1. Podia ser a emergência do Benfica caviar, mas essa já se processou há anos. Os queques apenas o são porque nunca foram agredidos por irem apenas ver o seu clube às Antas ou ao Dragão. Se o tivessem sido, deixavam de ser chiques.

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    2. Isso é um "nim", João Figueiredo, falo da questão dos "queques" serem agredidos ou alvo de tentativas de agressão em idas aos estádios dos nossos rivais. Conheço vários, hoje na casa dos 40s que já eram algo "queques" há 20/30 anos, e hoje são 101% (no mínimo) "queques", com quem fui a vários estádios por esse país fora, umas vezes na excursão da claque, outras pelos nossos próprios meios, e com situações de tensão ou até confronto verbal (algo comum), ou mesmo físico (apenas pontualmente e rapidamente sanado).

      A questão é mesmo a de uma evolução social positiva que infelizmente se associou a uma evolução de mentalidade negativa, o que vistas bem as coisas até faz um certo sentido. As nossas referências (benfiquistas da Grande Lisboa e Centro), são outros benfiquistas dos mesmos meios sócio-económicos, bem como sportinguistas também dos mesmos meios. Aliás, se nos afastarmos mais do Litoral e dos grandes centros urbanos, verificamos até que na "província", muitas vezes o clube das ditas elites é mesmo o Benfica, o que também tem alguma razoabilidade pois o Benfica representa um pouco o centralismo e a hierarquia, algo que é bastante associado e útil às ditas elites.

      Para concluir, há de facto a ideia generalizada de que o Benfica é o clube do povo, é sim senhor mas não só, é um clube de todos o estratos sociais.

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    3. Concordo. Em quase tudo. A complacência das autoridades perante a violência no desporto favorece mais uns que outros.

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  2. 100% de acordo, belíssimo post. Uma coisa é exigência excessiva e descontrolada que só perturba quem queira produzir, outra coisa é "deixa andar" e o "passar a mão pelo pêlo", que são em parte a razão pelo qual um clube como o Benfica, com uma base de apoio popular quase tão grande como os seus maiores rivais juntos, com um nível de receitas muito superior, com uma projecção internacional indiscutivelmente acima, e com infraestruturas melhores que as dos outros, se deixe subalternizar por quem nos é inferior. É óbvio que existe(m) muita(s) mão(s) invisível(is), que desequilibra(m) a balança em favor dos nossos rivais, mas se assumirmos uma postura de "Madre Teresa de Calcutá" ou de "Dalai Lama" então o melhor é não esperarmos que os nossos rivais mudem a sua postura por terem alguma epifania que os regenere pois isso não vai acontecer.

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    1. No SLB não é comum assobiar-se jogadores, excepto quando se pressente falta de compromisso. Como dizes, e vou até mais longe, o SLB é maior que os outros 2 juntos. Por isso a estratégia vil e desesperada de ambos. Une-os o ódio ao SLB e o reconhecimento da diferente dimensão. As parcas palavras de ontem no prémio fairplay, foram um começo, mas ao mesmo tempo, patéticas. Um pouco como birra de criança, aposto que os outros se ficaram a rir.Enquanto as reacções não abanarem as coisas, vamos percebendo que a direcção do SLB não tem actores para este filme.

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