Caju e o ensaio sobre estar calado

 


Todos nós, especialmente se o tinto tiver qualidade, já formulámos frases ou expressões, que a posteriori percebemos serem 'inconseguidas'.


Quando se vê um gajo da bola a falar de tudo e mais alguma coisa, devemos ter sempre presente que esta malta não passa muito tempo na escola, e que apesar de nos dias que correm quase todos terem a escolaridade obrigatória forçada a graus cada vez maiores pela revolução de 74 e pelo sistema de competição capitalista, quando abrem a boca, dificilmente os podemos considerar de oráculos.


Tal como nunca pediríamos a um Sá Pinto para dar uma olhada na nossa conjuntivite, é estranho como levamos a sério as palavras de malta que pouco mais conhece além dos relvados e das mansões de luxo onde passam férias, seja nas Caraíbas, seja em Ílhavo.


O profissional de futebol, nem sempre é um exemplo de ilustração, é o que quero dizer. 

Percebe mais do epifenómeno 'bola', mas a 'bola' não é algo de tão complexo que mereça uma exegese por aí além.

Mais de 50% do fenómeno 'frutabol' é uma novela em contínuo criada pelos grupos de comunicação que vendem papel e atenção em programas televisivos.


O programa televisivo tem de entreter, para ter cliques - leia-se espectadores- para poder vender publicidade, que ocorre sistematicamente, cerca de meia em meia hora, para não sobrecarregar o grau de atenção do telespectador. 


Isto é análogo ao ilusionista, que com gestos bruscos e exagerados, nos desvia a atenção, do alçapão por onde entra o coelho que tira da cartola.


Ciclicamente, vão  buscar malta da bola, para falar do epifenómeno, para criar uma noção de continuidade e complexidade, que permita continuar a alimentar a mente dos tansos que continuam a sustentar a indústria do papel. 


Invariavelmente, obtemos pérolas de indivíduos, cuja capacidade de locução e argumentação, os colocaria a reservas dos reservas, nas equipas de comunicação das distritais.


E eis que entra Manuel Cajuda, Cajú para os amigos.

Em entrevista recente, fez como Moisés, perdão, Jorge Jesus (as personagens e exemplos bíblicos tornam-se repetitivos) e disse que o que está a dar resultados agora, tem uma mãozinha dele. Como Moisés ou JJ, bateu com o ceptro na rocha de onde sai a água, e diz que foi ele e não o Espírito Santo, o responsável pelo milagre.

«Foram tempos «muito difíceis», salienta, muitos anos a «partir pedra e a criar uma calçada bonita onde outros podem agora passear», reflete o treinador, que realizou 231 jogos no banco dos guerreiros.»


Diz também que a vassalagem ao SLB diminui, pois :

«Quando o Benfica visitava Braga era das poucas vezes que se via o estádio pintado de vermelho e branco, e talvez o apoio dos benfiquistas fosse até maior. Felizmente hoje acontece o inverso, o Benfica já não é recebido com a vassalagem que antigamente era»


Para Cajú, portanto, haver muitos adeptos do SLB é vassalagem.

Haver cada vez menos adeptos do SLB é portanto, independência.


O pivot/entrevistador não conseguiu perguntar, se vender o David Carmo a 5 milhões por ano, era uma declaração de independência total. 


Ou se ver o Municipal de Braga cheio de azul é como uma espécie de Magna Carta.

Se Pinto da Costa e o seu discurso divisionista, é uma espécie de Gandhi no Minho.



O anti benfiquismo primário está tão enraízado que é tomado com total normalidade acrítica.


Agora percebe-se porque os media fizeram Cajú, uma espécie de senador do frutabol.


Além da imbecilidade do que diz amiúde, esconde essa mesma imbecilidade recorrendo a expressões populares e exemplos simplistas, que para o consumidor de 'bola', transparece como 'perceber muito disto'.

Deixando-os em paz, é só uma questão de perceber quando dão com a língua nos dentes e revelam que têm ódio ao SLB, clube que sempre viram à distância e por cima.


Alguém que o conheça que lhe passe a mensagem, Nelo, calado és um poeta.




Comentários

  1. Curiosamente um benfiquista, mas já são 40 anos "disto", e como diz a sabedoria popular: "manda quem pode, obedece quem tem juízo".

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  2. Este gajo é tão benfiquista como eu sou um peixe com braços.Um benfiquista não pensa, quanto mais diz merdas destas...

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    1. É benfiquista, é. Mas é um profissional do futebol e tem que zelar pelo ganha-pão dele. É triste. Um dos reflexos do abandono do Benfica em lutar por lugares de relevo na estrutura do futebol em Portugal. 40 anos disto...

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  3. Foi ele que fez estádio da pedreira com a argumentação de parir pedra
    além de pouco inteligente só disse aleivosias , agradar ao dono diz tudo e um par botas caindo no ridículo esquecendo que o Benfica é o maior clube Português e um dos maiores do mundo.

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    1. E que se o SLB não tiver adeptos nos estádios dos adversários, estes últimos não saem a ganhar. Malta da bola a comentar futebol, equivale a actrizes porno a alertar para os benefícios da virgindade.

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