Pequeno ensaio sobre a prostituição da mística BENFIQUISTA

 

(Estádio da Luz em 1955)

O BENFICA ontem não perdeu por não ter jogado bem.

O BENFICA perdeu mentalmente. E é isso que nos custa.

É o pathos de perdermos sempre contra o adversário de ontem, por este motivo, que nos exaspera.

Não é a conversa de que jogam 22. É a repetição de um problema que tem mais de 20 anos e afecta profundamente a identidade dos planteis do SLB.






 

I

Ao jogador:

Jogador, quando escutas os aplausos, o hino do Glorioso, as palavras sentidas por milhares sobre papoilas saltitantes, a celebração não é para ti.

É para o colectivo ao serviço de um património imemorial que mais de 90% de sócios e jogadores que jogaram e apoiaram o SLB nos últimos 25 anos, desconhecem na quase totalidade.

O BENFICA mercantilizou-se, o sócio e o adepto tornaram-se em clientes e potenciais clientes.

O Benfica e os seus adeptos caíram numa relação de codependência, onde um tenta facultar vitórias a cobro de uma mensalidade ou anuidade, o outro tenta bater palmas nos jogos e viver por momentos de brilho emprestado.

Sabes o que significa o latim que está no emblema? Um por todos, porra.


Eu não nasci habilitado com talento ou jeito para o futebol.

Todo e qualquer desporto exige de mim uma longa curva de aprendizagem, seja para a coordenação motora, seja para a combinação criativa dos movimentos do desporto em causa. Sou treinador de desporto a muito custo, credenciado legalmente, e o que mais me custou foi mesmo aceitar o facto de que não sou nenhum predestinado para a bola, ou para outros desportos, creio.


Quando perdemos a final da Liga dos Campeões Europeus, o jogo das chuteiras novas do Veloso, fiz os dois quilómetros entre o sítio onde vi o jogo com outros Benfiquistas, e a minha casa, a pé e a chorar.

Não saí de casa durante uma semana.


Com as minhas limitações, que descrevi, posso te garantir uma coisa. Se em algum momento da minha vida num universo alternativo qualquer, se me pedissem para jogar oficialmente e a contar, pela equipa, qualquer uma delas, do Glorioso, eu não só comia a relva, como pedia para repetir.

Isto não é uma crítica, caro presente e futuro atleta. Isto é a constatação de que o SLB é um dos maiores clubes europeus, composto e detido apenas por sócios, e isso tem uma razão de ser, o amor, repito, o amor que os adeptos têm ao Clube. 

Pensa nisso quando achares que a tua actividade é meramente uma ocupação que a ti diz exclusivamente respeito.

Enquanto tu tens dois dias de enjôo por uma derrota, o adepto anda pelo menos uma semana a digerir o fracasso.






Ao adepto:

E de todos um, o SPORT LISBOA E BENFICA.

Nietzsche dizia que o homem foi feito para ser superado.

« "I teach you the overman. Man is something that shall be overcome. What have you done to overcome him?

     All beings so far have created something beyond themselves; and do you want to be the ebb of this great flood and even go back to the beasts rather than overcome man? What is the ape to man? A laughingstock or a painful embarrassment. And man shall be just that for the overman: a laughingstock or a painful embarrassment...»

(Thus spoke Zarathustra)

 

Nós, o BENFICA, caímos na armadilha da nossa grandeza.

Acomodámo-nos.

Reduzimos o nosso Glorioso do passado, a um jogo de deve e haver.

E, passámos a contratar e formatar jogadores, nessa forma quase desligada e mimada, que faz com que entrem em campo, já com uma vitória qualquer, mesmo que percam. A vitória do competir. A vitória do representar per se, o Benfica.

A virtude grega é atingir o alvo. É esta a moral do SLB de Cosme Damião.

Atingir o alvo por via da superação, é o meio.

Atingir o alvo por qualquer meio, é a moral de outras agremiações que não o SLB.

A φρόνησῐς, ou phrónēsis é uma virtude ou inteligência para a acção prática que implica sagacidade, bom carácter, bons hábitos e bom juízo. É eminentemente prática. Não contém vitórias morais. Isso é do outro lado da 2ª Circular.

Só a vitória é virtuosa. E só existe um tipo de derrota no SLB, a mental. Se os jogadores dão tudo em campo, não saem derrotados. Ninguém os censura por isso.


(terrenos onde viria a ser construído o Estádio da Luz em 1953)

No SLB exige-se indubitavelmente, que tudo seja dado na competição, por parte de todos os intervenientes.

Mas…

A melhoria das condições de vida dos adeptos, baixou a exigência no SLB.

Não podemos deixar que a corrosão da conformidade, corrompa o ideal desportivo que tornou o BENFICA numa potência desportiva global. O BENFICA é uma potência desportiva mundial, porque sempre se recusou, geração após geração, a ser derrotado. O BENFICA é uma história de superação.

É esse foco, de reacção a algo, que nos falta. Já tivemos e perdemos.

Agora são outros, que ficticiamente surgem com centralismos, regionalismos, como forma de focar e reunir em torno de um emblema, a energia psíquica e anímica, enquanto nós nos dispersamos de forma tola, mansa, insípida, e acima de tudo, desprovida de carácter.

 

Perdemos o jogador à Benfica, porque deixámos morrer a ideia de urgência, de trágico, de superação a todo o custo, que tivemos no passado.

No último jogo, não foi só Sérgio Conceição que imitou a táctica habitual do treinador do SLB. Há mais de 40 anos, que o jogador competitivamente intenso, como era o do BENFICA é imitado e apropriado ao ponto de hoje se dizer que é um jogador «à Porto»!

NINGUÉM NO SLB EXIGE QUE ATLETAS E EQUIPAS GANHEM SEMPRE. O QUE SE EXIGE É ESSA SUPERAÇÃO, SACRIFÍCIO E TRANSCENDÊNCIA EM NOME DO BENFICA, A INSTITUIÇÃO QUE NOS UNE.

Ninguém se amarga por perder contra x ou y. Não é a derrota contra o Contumil, que conta. É saber que os atletas ou não deram tudo por tudo, ou estiveram ao seu nível. Muito menos ao do SLB.

E contra o Contumil, ficamos sempre, sempre, deslumbrados com a capacidade de outros 11 homens quererem mais ganhar, que os que estão na nossa equipa.

Nós perdemos com o fecepe, não é apenas pelas arbitragens manhosas ou compradas.

Nós perdemos porque os nossos jogadores, incluindo o 12º, perdem mentalmente. São menos fortes, querem menos, impressionam-se mais com a vontade de os outros quererem ganhar. Falta resiliência mental, falta aquele quid, que prefere quebrar a torcer.



O BENFICA perde, porque de há anos a esta parte, perdemos a nossa identidade, também reflexo do enconamento da massa adepta. É maravilhoso e desejável ter famílias inteiras nos estádios, mas qualquer desporto competitivo é uma ritualização bélica. Sou contra as claques mas reconheço que as mesmas trazem uma militância que o núcleo familiar da bourgeoisie anula em certa medida.

Temos de tomar decisões no SLB, que Rui Costa não tem preparação para tomar, pois foi jogador de futebol, e como sabemos, esses vivem numa bolha. Sabe muito das manhas dentro de campo, mas nada do que é o prato do dia para o adepto comum.

Ontem, tirando os 5 minutos iniciais, os adeptos da equipa visitante, ABAFARAM o apoio encarnado, com o estádio lotado. O adepto paga e apoia apenas na vitória, um pouco como alguém que paga um serviço. Temos repetido isto até à exaustão neste blogue. Infelizmente, ninguém quer saber.

O BENFICA perde, porque quem o dirige não sabe nem sonha que o motivo da derrota, o principal, é MENTAL.

Desculpa a expressão, tu que me lês, os adeptos tornaram-se nuns conas, os dirigentes são uns conas, e os jogadores mesmo que não o sejam quando chegam ao Glorioso, acabam por se tornar em conas também, com o tempo, com o apaparicamento, com o marketing.



Como se mantém níveis elevados de concentração contra PSG e Juventus, e depois contra os de Contumil, há uma quebra assombrosa quer na intensidade quer na concentração?

Inexplicável? Bem, talvez contra ‘colossos’ os jogadores sintam esse apelo de superação.

Contra os corruptos, a almofada de 10 pontos, ou a falsa sensação de controlo do jogo, se tenha aliado a um deslumbramento com a maior intensidade do adversário.

Vimos esta história repetida nos anos 80 e 90. O jogador dos corruptos quer mais, dá mais. É ajudado pelos árbitros, e há corrupção e mais não sei quê? Claro que sim. Mas os jogadores para aqueles lados, como Miguéns nota, são contratados por um determinado perfil mental. São manipuláveis e programáveis, e não queremos disso no SLB, mas também não podemos querer jogadores cujo compromisso com o Clube não é total. E Rui Costa promove isso, quando deixa passar a ideia de que o SLB é um ponto de passagem, que os tubarões andam aí. Ah, é o mercado.



Os planteis do SLB nos últimos 20 anos oscilam entre a bipolaridade de ter jogadores feitos que sabem que não conseguem subir mais alto desportivamente que o SLB, e outros que se sentem de passagem, até que outros clubes paguem mais por eles.

Esta mistura explica porque é que os jogadores que não singram no SLB depois fazem jogos impressionantes quando jogam contra nós. Os nossos planteis carecem da força mental necessária, porque o nosso scouting está agarrado a folhas de excel no que concerne a análise de potenciais contratações, para a alta-competição, onde a componente mental é secundária.

Não me interpretem mal. O Gilberto compensa com garra, o que não tem em técnica. Mas não chega. Infelizmente. É necessário perfil mental, tanto quanto qualidade técnica.

E um jogador de futebol com qualidade média, tal como os que o SLB contrata, tem de ter alguma força mental, para singrar qb nos escalões de formação e ao longo da sua carreira quando compete com outros pelo lugar.



Mas não chega.

A solução é dupla, avaliação criteriosa da capacidade competitiva dos atletas, E aumento do grau de exigência aos atletas, mesmo que sacrificando receitas de marketing. Parem de apaparicar os atletas.

O atleta tem de conquistar em todos os jogos, o apreço da massa adepta, e não receber esse apoio apenas por ter sido contratado para o SLB.

Claro que o atleta não tem culpa de ter sido contratado, por isso é fulcral uma avaliação psicológica em competição por parte da nossa prospecção. Fulcral.

Basta de jogadores conas. Basta.

Mas de nada serve se dentro das instalações Gloriosas, houver uma mentalidade de enconamento.

De aburguesamento, de tudo o que não seja Benfiquismo radical. Aos jornalistas compete, ou deveria competir, a neutralidade, não ao verdadeiro Benfiquista.

 


A palhaçada de Alcochete e do zborden, surge daqui, desta problemática, surge de criminosos acharem que um aperto aos jogadores resultaria em maior rendimento desportivo.

Só um criminoso acéfalo sugere violência como forma de motivação. E no entanto, não podemos negar que moral ganha jogos.

Quantas vezes não vimos a Alemanha virar jogos, onde em desvantagem correm que nem loucos até virar o jogo?

Pois é, parece que índices de volumetria atlética e mentalidade forte, são factores a ter mais em conta que o aspecto burguês a expor nas redes sociais o novo buldogue francês, ou frases motivacionais a partir do jacuzzi caseiro.

Transformado em empresa, refém da função mercantilista, o BENFICA foi reduzido de um símbolo da união dos seus adeptos, a um franchisado emocional.

Responde-me, caro leitor, qual é a diferença entre a promoção comercial, o marketing fofuxo que visa capitalizar sobre o culto da personalidade dos jogadores, e o abastardamento de um sentimento de missão para com um todo?

 


Espetam com os jogadores do SLB num mundo hiper confortável, hiper civilizado, onde tudo é perdoado e compreendido. Não há trágico na derrota. Não há superação na vitória.

Entre equipas de igual valia, ganha sempre a mais motivada.

A motivação pela vitória apenas, é vazia. A vitória tem de ser pelo BENFICA.

A vitória tem de ter um conteúdo emocional e simbólico.

E isso exige que se saiba o que foi e é o BENFICA.

Quantos os que lêem este texto, duvidam que os apoiantes do Contumil-de-Cima, são na sua maioria movidos a asco a Lisboa, embora o SLB seja um Clube transregional, quantos são movidos a ódio ao vermelho, às águias, etc?

Quantos apoiantes dessa agremiação fazem da mesma uma escapatória para um punhado de cartas, lamentavelmente baralhadas pela vida? É mais fácil odiar um elemento ‘externo’ que encarar os reais motivos da indigência material e outras. O Benfica é para essa gente, um elemento aglutinador no ódio, um paradigma na acção.

E os Benfiquistas, são unidos em quê? Nas vitórias do SLB? Vitórias por vitórias, é algo de abstracto e vazio de conteúdo. Temos de ter um objectivo. Temos de traçar objectivos. Determinar o método e atingi-lo.

E os objectivos não podem ser comerciais. O SLB não é uma extensão do Colombo.

O SLB não é um Clube de ódio. Não é um Clube reactivo. É um Clube activo. Precisamos de objectivos, e de gente ambiciosa e apaixonada. Não precisamos de Domingos Soares de Oliveiras, Pedros Pintos, Searas, e outros que confundam fairplay com pathos de mansidão. Quem está no SLB tem de dormir mal, como tu ou eu, depois de uma derrota.

O SLB deixou de ser um clube de gente apaixonada pelo Clube, para passar a ser um clube que vive à conta da gente apaixonada pelo Clube.

A História do Benfica devia ser disciplina escolar obrigatória no Seixal, se é que não é já.

Não é lavagem cerebral, é transmissão da história da maior potência desportiva nacional e uma das maiores do mundo.

Para dar aos miúdos uma noção além de que o Seixal é um local de passagem, um aviário na sua carreira. É inacreditável, ou talvez não, como isto não é pertinente para Rui Costa.

 


Cada jogador deve ter um compromisso profundo com o que é e SIGNIFICA o SLB, e perceber que não existe mais alto patamar que envergar o Manto Sagrado. Há clubes que nada mais têm a não ser o dinheiro.

A mística do BENFICA é este compromisso supra individual. É a superação de cada jogador, em nome de um valor no qual se transcende de forma mais elevada. O símbolo é uma águia, porra, não é um animal rastejante.

 

Apaparicar exageradamente os jogadores é CONTRAPRODUCENTE.

ACABEM COM O CULTO DA PERSONALIDADE, e com o aburguesamento nos jogadores e na massa adepta. O BENFICA não é um negócio. É uma entidade com valor simbólico e material, inigualável e insubstituível.

 


Caro adepto, ninguém está apenas chateado com a derrota contra os corruptos.

A forma, como decorreu essa derrota, é que tem de indignar qualquer adepto.

É inconcebível dominarmos totalmente uma Juventus, e jogarmos borrados com Contumil-de-Cima.

Há um bloqueio qualquer contra os corruptos, que julgávamos ultrapassado com um treinador estrangeiro.

O que custa é a dura realidade de perceber que a estrutura não extirpou, de uma vez por todas, este complexo de inferioridade desportivo.

Ao longo de mais de 30 anos as equipas do SLB não conseguem lidar com a maior capacidade competitiva das equipas dos corruptos. Ponto.

Pensemos no seguinte, o maior problema do SLB esta época, no futebol, ocorre na reacção aos golos que marcamos. Assim que marcamos um golo a nossa postura piora. A questão é ‘porquê’?

É ou não uma questão mental?

O jogador quando marca um golo, deve ficar convencido que cumpriu a sua função.

 

 


E agora Rui Costa.

Rui Costa apesar de ter crescido na Amadora, foi um tipo (tem +- a minha idade) com uma saudável vida familiar e ainda bem.

Acredito que deve estar tão ou mais aziado que eu.

Mas foi uma criança que comparado com outras com menos talentos naturais, viveu na bolha própria e privilegiada dos jogadores de futebol.

Eu mal tinha dinheiro para ir ao estádio, Rui Costa e outros da sua geração, tinham o privilégio de treinar à sombra do antigo estádio, e apanhar as bolas durante os desafios.

O seu indubitável Benfiquismo, é ainda assim, um Benfiquismo caviar comparado com o meu, comparado com os milhares de outros, que chegaram, por exemplo, a levar sacos de cimento às costas para a Luz, para terminar o terceiro anel.



Digo isto não para desmerecer o Rui, mas apenas para notar que o príncipe de Florença, está a alguns passos da militância do adepto comum de há alguns anos.

Também a gestão do SLB, para ele, carece da tensão trágica, que tem para mim e centenas de gajos como eu que temos blogues na net, e que andam intratáveis durante uns dias, para as mulheres, filhos, família, colegas e amigos.

Digam o que disserem dos fãs de pópós que gerem os de lá de cima, não têm conas na estrutura. Conas metafóricas, entenda-se.

Mal ou bem, é gente apaixonada, apesar da má formação habitual.

O Benfica não tem de ser assim. Até porque o Benfica já foi muito mais e muito melhor.

Perdeu-se ao longo do caminho. Perdeu-se na tradução operada pela geração dos Millenials.

O Artur Semedo, o Henrique Viana nada têm a ver com um Mauro Xavier, ou José Calado, honra aos quatro.

O Artur nunca teria participado num programa com Aníbal ou Rodolfo, e oferecido um stick de hóquei em patins a qualquer um dos dois, como fez Mauro ao Aníbal. Até acredito, que apesar de ser um homem com H e muito polido, mais facilmente teria, com 70 anos, aviado ambos com o stick, se alguma vez dissessem o que estas personagens dizem hoje sobre o SLB, à sua frente. O Artur não era uma pessoa violenta e o que digo não justifica ou visa desculpar o indesculpável da violência. Mas o SLB era a religião do Artur. Como é a minha. E não nos podemos queixar da falta de respeito ao SLB, quando nós não nos damos ao respeito.



O meu fundamentalismo religioso manifesta-se assim, ou me retiro de onde enxovalham o SLB ou, não me podendo retirar, confronto directamente quem desrespeita o Clube. De forma polida, urbana. Dependendo da resposta, também. Como geralmente tenho boa capacidade argumentativa, não me é difícil desviar a argumentação odiosa de quem odeia o SLB, raramente chegando a vias de facto. Mas mesmo chegando e não me podendo ausentar antes de chegar a esse ponto, posso garantir que nenhuma ofensa leva o SLB para casa, da minha parte. Já ganhei algumas inimizades e alguns pontos no Hospital de Santa Maria, mas é isso que considero ser militante.

Digo isto não para fazer um encómio à minha pessoa ou para dizer que outros devem seguir a minha ideia de militância Benfiquista. Até porque sei que isto é só bola, e que o SLB é tão, mas tão mais que isso, que a equipa sénior masculina de um desporto sobrevalorizado.

Digo isto para fazer um contraste com o oposto.



Temos conas no Clube, na comunicação, nos adeptos. Gente convencida da superioridade moral sobre os outros, os ‘apaixonados’ pelo Clube. Gente que faz do enconamento virtude. Gente convencida que o verniz a que chamamos ‘sociedade’ não é uma ritualização sobre a natureza de primatas sanguinários que nós somos.

E esta malta, caro leitor, é o motivo pelo qual nos últimos anos, o SLB vai para tiroteios, armado com fisgas.

Ao dirigente do SLB: 

O dirigente do SLB tem de ser alguém que é adepto profundo do Clube.
Sentir na carne, o fracasso do Clube como um fracasso acima do seu próprio.
Não pode sentir o Clube como uma profissão, nem se pode vangloriar alguma vez, por fazer dinheiro ou ter jogadores cobiçados por outros clubes, apenas para exibir qualidade, pedindo a grandeza do Clube, emprestada para si.

Mas já sei que és vaidoso, e vais-te convencendo que gostas do Clube e que só isso é suficiente para o servires (?) bem.

E depois temos disto

Como eu percebi que nunca iria ser atleta de alta competição no SLB, também tu tens de perceber se tens competência, ou se é o teu ego a pregar-te partidas.



Ao Rui Costa:

Rui, eu não duvido do teu Benfiquismo e do teu amor ao Clube.
Duvido sim, da tua capacidade em fazer, o que eu acho ser necessário fazer, para recuperar o que foi abastardado e prostituído, no NOSSO Clube.


Estou aqui para criticar, mas também para ajudar.
Tenho capacidade oficialmente reconhecida para dar aulas de Ética e de História. Posso fazê-lo e até compôr um programa de História do BENFICA, a ensinar no Seixal aos miúdos.

Pro Bono, não quero dinheiro nenhum do MEU CLUBE.



Apenas saber que existe vontade em retomar o paradigma que ergueu o SLB, e não o que se instalou nas suas cinzas adiadas.


Continuamos à frente, e vamos ser campeões.
Mas temos de extirpar o resultadismo, o mercantilismo e o conismo, do CLUBE, para que o vermelho do BENFIQUISMO volte a brilhar incandescente. Como sempre brilhou.
VIVA O GLORIOSO BENFICA! 

Comentários

  1. Muito bom post, com muito daquilo que avisei antes e durante o jogo, e comentei durante e depois do jogo.

    Atrevo-me a dizer que hoje em dia há 3 "Benficas". O Benfica daqueles que estarão perto ou acima dos 60s (aqueles que me/nos fizeram benfiquistas), cujo benfiquismo está à prova de qualquer dúvida, mas que pela idade e suas implicações em termos de educação, postura e compostura, dão o apoio que conseguem dar.

    Depois há outro benfiquismo, sobretudo composto por pessoas entre os 30s e 60s, que se aproximam dos outros em te mos etários a cada ano que passa, e cuja vitalidade e vivacidade ainda vai permitindo que façam aquilo que os primeiros já pouco conseguem fazer.

    Por fim, há um terceiro benfiquismo, de pessoas essencialmente abaixo dos 30s na sua maioria, que se divide entre os "marginais estagiários", de cujo benfiquismo pouco duvido, mas estão muitas vezes na Luz como estariam num morro sul-americano, ou num subúrbio (do Leste) da Europa, ou até num bairro degradado na África Subsaariana; e então de outros cujo benfiquismo não ponho em causa, mas dos quais tenho a percepção (talvez errada) de que são pouco mais do Benfica do que do Real Madrid (ou outro qualquer), dos LA Lakers (ou outros), ou dos San Francisco 49rs (o outro), desde que desse tantos ou mais likes ou shares nas redes sociais.

    Concluindo, mais do que a possível ameaça de aumento significativo de adeptos dos nossos rivais (com o FC Porto à cabeça), devemos preocupar-nos com este Benfiquismo das famílias ávidas de actualizem os feeds de notícias, ou doe marginais desorganizados que estão lá para se orientarem e não para apoiar o Benfica.

    Por fim, não poderia deixar de passar uma frase que é raramente usada no benfiquismo, o clube lutadora (ou de lutadores) é o Benfica, que se desenha em pé benfiquistas que pensam que o Benfica é o clube dos meninos com muita visibilidade nas redes sociais, isso é ou será um pouco mais ao lado, mas até nesse aspecto penso que já estamos abaixo dessa "gente". Eles (sportinguistas), são de há uns bons anos bem mais e melhores militantes do que nós.

    Agora sim, é mesmo a última. Se dependesse dos benfiquistas de hoje em dia, construir um "novo" Benfica, penso que já melhor das hipóteses teríamos uma espécie de cruzamento entre um Belém e um Estrela, nada mais que isso.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Concordo em absoluto.Essa geração que mencionas, a 'velha guarda' dos 60 anos, comeu o pão que o diabo amassou e ainda assim soube em condições adversas, apoiar e ajudar a fazer crescer o Clube. Sempre existiram marginais e semi marginais, no público, nas claques. Conheci alguns cobardes seja nos NN seja nos DV, que iam para o estádio por causa de andarem à porrada com os outros, e não propriamente para verem os jogos. Invariavelmente era malta com coragem selectiva que só emergia em grupo. Concordo completamente, há o Benfiquismo e há o circunstancialismo que é aquele benfiquismo que vem apenas das e nas vitórias e no jeito que dá dizer nos feeds a grandeza do Clube, malta que vive do prestígio emprestado. Quando ouvia as narrativas de malta que viu o Mário Coluna a jogar com um braço partido, pensava na força por detrás, do significado, do Clube. Se todos conhecessem a história do Clube, saberiam que o SLB é mais que o bells e whistles de um estádio novo e apaneleirado, e bifes na Catedral da Cerveja em vez das bifanas ao pé do viaduto.
      Ainda hoje pensei nisso, se Vale e Azevedo voltasse e fosse conseguindo vitórias, voltava a ter o apoio da maior parte de sócios e adeptos.

      Eliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares