O Apito Dourado nunca passou
A lei baseia-se num equilíbrio entre crime e castigo, desde que ninguém pague duas vezes pelo mesmo crime.
Nas últimas semanas tem ocorrido algum burburinho mediático relativo às afirmações do senhor Frederico Varandas, que já aqui elogiámos relativamente a este facto.
Ele tem toda a razão, apenas teve a coragem de mencionar o elefante na sala. A maior parte dos portugueses olha para o processo do Apito Dourado, e sabe que em relação à gravidade do conteúdo, o castigo não foi proporcional. E valha-nos o milagre de termos o youtube, para podermos recordar, o que de outra forma seria relativizado pelos adeptos e dirigentes do Futebol Clube do Porto, como já vai acontecendo, como se tivesse ocorrido num mundo alternativo a este.
A sentença deste caso, foi um dos maiores factores de suspeita lançados sobre o sistema legal português, sistema esse que esperaria que a passagem dos anos condenasse ao esquecimento, o que milhões de pessoas como eu vimos durante décadas na televisão, uma completa cobertura a um clube, que passeou pelos relvados e bastidores com completa impunidade.
Claro que existem outros clubes que praticaram corrupção desportiva e outros delitos. Mas agora, e neste caso estamos a falar do processo conhecido como 'Apito Dourado'.
Não adianta outras remissões ou whataboutism, é deste que falamos.
É este que nos mandam à cara quando nos queixamos do favorecimento, ou das coincidências que observámos nas últimas épocas.
Ah o Pinto da Costa não foi alguma vez condenado. Esse é o problema! Passou impune! Basta ouvir as gravações!
Não tenho qualquer vontade de punir agora, ou presidente ou o clube, mas todos sabemos que não foi feita justiça. E reafirmo, se o SLB ou outro clube que seja apanhado e condenado nesta teia de esquemas e desvirtuação, deve ser punido exemplarmente, doa a quem doer, o quanto doer.
Mas nós, Benfiquistas, temos um grande amargo de boca com este processo. Pois lembramos as vezes em que as nossas equipas foram liminarmente roubadas, espoliadas da vitória, num gigantesco gaslighting que decorreu então e decorre agora.
Agora é dado como passado, como algo que foi já pago com subtracção de 6 pontos.
Mas o que é que paga os títulos que perdemos, os jogadores que foram desviados, as agressões, o enxovalho vindo daquelas partes, o aproximar artificial do sucesso desportivo do SLB?
Castigar esta gente, (são os mesmos!), ou o clube que representam, é irrelevante. Ninguém tem coragem em Portugal para despromover o FCP. Conheço agentes da autoridade, adeptos do FCP, que justificam e branqueiam processos, metodologias que conhecem e que reconhecem como no mínimo suspeitas. Há a ideia generalizada de que o futebol é um lodo, e que nada há a fazer senão ter o que melhor se mexe nesse lodo.
O clube mais prejudicado a seguir ao Glorioso foi o SCP, esse então foi arredado de uma luta sistemática pela glória do passado. Aparece de 20 em 20 anos, para dizer 'presente', mas não é o SCP que me lembro, ombreando geralmente de forma leal na disputa com o SLB. Esse SCP morreu com João Rocha.
Desde então, focou-se mais no seu pretenso inimigo vermelho, que no efectivo vampiro da sua glória passada e futura.
Vi alianças como a do Altis, para não falar da regular troca de jogadores. Reduziu-se a um clube de ódio ao SLB, e apenas por isso, não me provocam o menor sentimento que não o de cúmplice para com o verdadeiro problema do futebol português, que Varandas apontou claramente.
Não podemos ser ingénuos. Há comentadores afectos ao SLB que repetem continuamente, que há que deixar o passado no passado, que há que inaugurar uma nova era.
Sinceramente, eu e muitos, achámos que após a ridícula sentença do Apito Dourado, voltaríamos a ter igualdade de tratamento e acesso nas competições. Foi sol de pouca dura. Voltaram os esquemas, as mesmas nomeações sistemáticas, os minutos em superioridade numérica, as agressões, os casos de polícia, o maior número de penalidades marcadas.
Não, não podemos esquecer, e temos de sensibilizar estes paineleiros, de que o Benfica foi e continuará a ser lesado, na única coisa que quer, igualdade de tratamento na competição. Nem benefícios nem prejuízos.
Não, não esquecemos, nem perdoamos. Não temos medo dos corruptos nem dos que acham que intimidam pela violência.
Não somos coniventes com a paz podre no futebol português. Com os silêncios cúmplices, com os fingimentos e as nomeações.
O SPORT LISBOA E BENFICA ESTÁ SOB ATAQUE!
E não podemos contar com os adeptos dos outros clubes. Na sua maioria, só lhes interessa as vitórias e não os meios empregues.
O futebol, com o senhor Pedroto, tornou-se no maior factor de divisão na nossa sociedade. Em espírito completamente contrário ao que é o do desporto em geral.
O sistema criou nos adeptos, os seus protectores.
Criou divisionismo e ódio.
Não podemos ter medo, nem falas mansas. Parafraseando Marx, se querem ver quem controla o sistema, vejam quem mais ganha com ele.
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