Vieira como expressão de uma situação de carência
Mais uma vez, o
nosso Clube, dá azo a um balão de oxigénio refrescante, para quem o odeia, e
concretamente, para quem conquistou este ano, de forma habitual e discutível, o
campeonato nacional de futebol de 11.
Como diz o
Alberto Miguéns, com ‘adeptos’ destes, ninguém precisa de inimigos.
I
O que o senhor
Luís Filipe Vieira fez ontem, e pelos vistos vai continuar a fazer hoje, no
estulto canal ‘televisivo’, é um péssimo serviço ao SLB. É não só a política da
terra queimada, como a política da terra queimada para promover o regresso do
filho pródigo.
Devo relembrar
aos restantes Benfiquistas, que o triste espectáculo dado ontem pelo anterior
presidente, foi mais do que mais uma tentativa de reescrever a história e os
acontecimentos, visando fins de propaganda. Foi uma consequência de eventos
iniciados nos anos 90, com o designado Verão Quente, e que culminou com a
chegada ao poder da parelha Damásio/ Vale e Azevedo.
I.I - O senhor Luís
Filipe Vieira (doravante LFV), vem para o departamento de futebol do SLB,
porque o Benfica estava reduzido a um clube quase inexistente (em relação a
períodos de glória passada) devido a uma sequência de más escolhas para o elenco de dirigentes.
Enquanto o FCP conseguia eleger e manter um dirigente responsável pelo carácter do que viria a ser todo o futebol português a partir dos anos 90, um completo lodaçal, o SLB não conseguiu eleger, de Fernando Martins até agora, um único dirigente que tivesse algum tipo de visão estratégica para contrabalançar a visão estratégica dos adversários, que é basilar, apelar a inimigos externos e chega.
A história do dirigismo Benfiquista nos últimos 40 anos é simples, fomos incapazes de eleger um dirigente competente na estratégia positiva de engrandecer o SLB.
O Benfica
necessitava, nos anos 80-90, como de pão para a boca, de um presidente que soubesse defender o
clube, escolher e negociar jogadores, e isto porque os clubes em Portugal, seguem
um modelo presidencialista de gestão.
Um dos exemplos
que se pode apresentar é o do presidente do Braga. António Salvador parece ser
um presidente com toque de Midas, compra barato e vende caro, sem que o seu
clube (não o FCP, o outro) perca na luta pelos 5 primeiros lugares.
E o Benfica, nos
olhos dos associados e demais adeptos, necessitava de alguém assim.
De um presidente
que percebesse de contas e de bola.
Mercê do ‘trabalho’
efectuado no Alverca, o senhor LFV vem para o SLB por mão do senhor Vilarinho.
Sabemos hoje, que o trabalho efectuado em Alverca, foi menos que propaganda,
alguma dela bem lesiva dos interesses do SLB, como foram os casos de alguns
jogadores negociados para rivais. Prova disso, foi o que aconteceu ao Alverca
pouco depois de LFV ter saído. A receita estava dada, qualquer empresário que
desejasse ter acesso a operações de algum risco, mas potencialmente, de bastante
lucro, necessitava de entrar no mundo do futebol, onde o maior activo é a
transacção de jogadores, que num dia valem x, noutro x x 1000, ou mais.
I.II - LFV havia
encontrado, uma forma de potenciar a sua fortuna e obter financiamento, sabemos
hoje, além do que lhe permitiria a construção civil e o comércio de
pneumáticos.
Ao longo dos anos habituámo-nos a ouvir a desculpa, por parte dos benfiquistas, que mesmo que algo pareça trafulhice, é necessário ser-se trafulha q.b. para lidar com o mundo do futebol. E por isso, o SLB tornou-se num clube como os outros, não interessava o que se passava nos bastidores, desde que fossem surgindo vitórias. E LFV, percebeu isso demasiado bem.
Para mim, LFV é
responsável de três crimes que nunca lhe poderei perdoar. Um, é o de ter dado
pelo menos, duas ajudas a um rival directo, em vias de tombo generalizado, com
claro prejuízo do Sport Lisboa e Benfica.
Outro, foi ter
feito do Benfica, do espírito benfiquista, fazendo escola, a escola do que mais
importa é ganhar no palco, independentemente dos bastidores.
Não é logicamente possível para qualquer adepto hodierno, achar que na chiqueira, é possível o nosso suíno ser mais limpo que os outros. Há anos que o SLB devia ser um outsider, ou pelo menos não apoiar a actual estrutura do frutabol português. O senhor Vieira, apoiou-os a todos. Repito, a todos.
O Benfica glorioso
do passado, foi engrandecido por dirigentes que compensavam esta necessidade de
GPS para navegar no lodo, com altos níveis de competência. A partir dos anos
80, o lodo tornou-se mais opaco, sem que os dirigentes do SLB tenham sabido
compensar com um aumento de destreza e…competência, salvo raras excepções.
LFV permaneceu
tanto tempo no SLB, por causa desse binómio, a) carência absoluta de potenciais
dirigentes competentes, e b) capacidade dos dirigentes efectivos em fingir essa
competência.
E isso, LFV fez cabalmente nesta 'entrevista'. Esta entrevista foi uma encomenda à CMTV.
Foi um lançamento de candidatura, que surgirá assim que Rui Costa não tenha sucesso.
Pela qualidade do lamaçal, nem consigo garantir, que não esteja combinado entre ambos, como forma de branquear os problemas e desconfianças com a Justiça, saindo e voltando, passando a imagem de que LFV é a melhor opção. E não consigo garantir isso, porque Rui Costa manteve todo o elenco da direcção anterior.
Tendo em conta a pantomina que é o futebol português, não garanto, por falta de provas, que não estejamos perante algo elaborado por empresas de comunicação.
II
Algo que fica
patente no discurso (preparado!) do senhor LFV, é o de que ele não sabe o que é
uma contradição, nem que a coloquem em frente aos olhos, logo acima do local
onde em tempos morava um bigode.
II.I - Por
exemplo, o senhor LFV, odeia a sua família.
Só um homem que
odeia a família, a pode prejudicar tanto por um Clube, como o senhor LFV afirma
ter prejudicado. Poucos benfiquistas, em absoluto, colocarão o SLB, acima dos
seus próprios familiares. Sabemos agora que LFV é um deles, especialmente
quando instrumentaliza a família (tal como a morte de Eusébio), para perseguir de
novo o cargo de presidente do Clube que lhe rouba o bem-estar e convivência com
essa mesma família.
O LFV, que
demonstrando dotes teatrais assinaláveis, não se coíbe de chorar (tal como a
novela JJ-Covid) quando utiliza a família como argumento público, seja para
demonstrar que é um empresário responsável e de bons valores, seja para ganhar
algum tempo e gerir a percepção pública, quando afirma ir consultar a esposa
para recandidaturas futuras. A esposa por sinal é uma santa, que carrega a cruz
de ter de dividir o marido durante 19 anos, com o Clube que nunca lhe pagou
esse sacrifício.
II.II - O senhor
LFV diz que só quer o bem do SLB.
As duas últimas
intervenções públicas comprovam-no. Uma para desvalorizar o papel dos órgãos
sociais eleitos do SLB (e implicitamente lembrar o valor do seu papel passado - em Abril passado com a conquista da Youth League),
outra para obliterar completamente toda a estrutura de futebol do Clube, numa
altura crucial, como é a das contratações ( a de Junho de 2022).
Algum jogador,
pensará que o SLB não é um saco de gatos, isto é, um ambiente potencialmente
instável para trabalhar, após ver esta entrevista?
Ao colocar
montantes pelos quais vendia ou comprava jogadores, está a colocar o SLB em
desvantagem negocial, como comprador minando a confiança dos intervenientes,
aumentando a temeridade a cometer erros ( por exemplo dizendo que na Argentina
é complicado por causa dos manhosos e dos impostos, etc. ou pressionando quando
o Clube quiser vender, por valores possíveis abaixo dos que ele citou como
determinados por si).
Com amigos destes…
É a política da
terra queimada, por ressabiamento e táctica, não se importa de prejudicar o
SLB, para se favorecer a si mesmo.
Não se importa de
manchar a imagem de Eusébio para visar Malheiro.
Nada justificaria
a instrumentalização de um símbolo do Benfica, para evidenciar um detractor,
podia tê-lo feito de outras formas.
Ninguém quer saber se o King bebia whisky ou gin tónico. Eu próprio afogo os meus demónios com cerveja, sem que ninguém tenha algo a ver com isso.
O que é inadmissível é a instrumentalização do nosso Eusébio, para serviço do senhor Vieira.
O que é inadmissível é a instrumentalização do Benfica, e da própria família, para instrumentalizar os benfiquistas.
Vieira, como aliás Rui Costa, sempre foram mais virulentos com a oposição interna, que com a oposição externa. Isto, quando a podiam anular.
Ou como no passado, absorvendo no seu séquito absolutista, os detractores.
(Rtp, 2016, todos os direitos reservados)
Foi assim com
Rangel, mas com muitos outros que a troco de algo, ou por convicções mancas,
foram sendo absorvidos numa corte amordaçada e conivente com uma cúpula que de
facto tomava decisões.
Quando LFV não
consegue absorver ou comprar as criticas, tenta anular quem critica.
O episódio do
pescoço é só mais um exemplificativo disso mesmo.
(CMTV, 2019, todos os direitos reservados)
A linguagem corporal do senhor LFV não engana.
Os olhares de carneiro mal morto na direcção de um vazio indefinido, as frases parcialmente opacas, insinuando algo, uma espécie de conhecimento de realidades paralelas só acessíveis a quem sabe virar frangos, o 'deixe-me que lhe diga' dito de forma assertiva, os apelos à família, os apelos a um sacrifício em nome do Clube, uma constante tentativa manipulação emocional dos adeptos, só demonstra a ideia que ele tem dos adeptos do SLB, que têm o mesmo grau de sofisticação mental que o caro LFV.
Já vi LFV chorar mais vezes, que certas pessoas em funerais.
O apelo às 'origens humildes' do SLB.
Temos um ex dirigente que sabe ler exactamente os botões a pressionar para tentar obter as reacções que pretende.
O problema de LFV é que conforme diz o adágio...podes enganar muita gente durante muito tempo, mas não podes enganar toda a gente durante todo o tempo.
E o que mais me assusta é a ideia que Vieira demonstra ter dos Benfiquistas.
Mas...
Tendo em conta as suas consecutivas vitórias eleitorais, sou forçado a concordar. A estratégia mais eficaz, vingou. A 'maioria' dos benfiquistas, foi na conversa. Ninguém, ou poucos, se focaram na estrutura lógica do afirmado, da congruência das premissas, ou na realidade dos actos.
Um dirigente que diz contratar e manter 3 treinadores apenas por sentir que eles colhem simpatia nos adeptos. Que foi buscar JJ ao Brasil. No entanto despediu outros 3 apesar de dizer que os mantinha, Vitória, Lage e JJ.
Que não vendia por preço y ou z.
No entanto foi a Paris, algo tão inédito no futebol, como Silas anunciar o seu sucessor, entregar um jogador a troco de dinheiro, de forma tão sabuja como desnecessária face às invectivas sobre sanidade financeira.
LFV não se importou de criar uma divisão no Benfiquismo, desde que isso o beneficiasse.
Sobra as intervenções seguintes, vou deixar para outro texto, pois, parece que hoje voltará a dar palco na CMTV.
Deixo para mais tarde, a análise a fazer ao que aí vem, em especial aos paineleiros.
Vamos dar o benefício da dúvida a Rui Costa, apesar de lá ter mantido o seu anterior patrão, DSO.
Prefiro pensar que Rui Costa foi alvo, tal como o Benfica, de uma canalhice.
Post Scriptum:
Gostava de deixar um abraço ao Vasco Mendonça, parece que coincidimos nos adjectivos a certos paineleiros.
Não sou herói nenhum, mas da próxima vez que um Aníbal Pinto te diga que tens de lhe dizer na cara o que disseste, e que eu apoio, diz-lhe que sem problema, que o dizes quando houver disponibilidade. Posso aparecer eu em teu lugar, não há problema.
Não tenhas medo destes bonecos truculentos.
(retirado de O Fura Redes)
Comentários
Enviar um comentário