Millennials no SLB, Rafa e Grimaldo


 

Ao ver a idiotice do Fábio Cardoso, celebrando um título de campeão para o qual pouco ou nada contribuiu, não pude deixar de me interrogar, e integrar o episódio na história recente do nosso Clube.

Dei por mim no Youtube a analisar a linguagem corporal da equipa que deu 6 a 3 aos lagartos.

Rui Costa e João Pinto tinham 22 anos.

E no entanto, o seu comportamento em campo, era mais adulto, ambicioso e comprometido que o comportamento de Rafa e Grimaldo.

É verdade, os millennials também jogam à bola.

O Abel Xavier e o Kennedy, sabiam perfeitamente que não eram vedetas, e não se comportavam como tal. Sabiam que o SLB era o topo da sua carreira, e não precisavam de uma bola de cristal para saber isso.

 

Não viso pessoalmente Rafa ou Grimaldo. Comparados comigo são dois miúdos, que têm a honra de vestir o Manto Sagrado, devido a possuírem atributos técnicos que nunca na minha vida tive ou sequer sonhei ter.

Têm a sorte de saber jogar com uma bola, e que essa capacidade os torna ídolos para adeptos de um clube.

O Grimaldo nunca enganou. Aquela cagança supra castelhana de se achar melhor que os outros, que por exemplo Javi Garcia não tinha.

Um e outro, vieram do Barcelona e do Real Madrid. Personalidades distintas. O ponto de rebuçado para mim, em relação a Grimaldo, foi ver por mais que uma vez, que para ele correr, era para os outros, e quando o colega (geralmente Vertonghen) não conseguia resolver a situação que ele criara, abria os braços e reclamava da real merda que ele próprio havia provocado.

 

As birras de Rafa, a cara de enfado permanente, a sensação que o ecrã passa de que ele acha que é sempre melhor para a equipa do que realmente merece, como se jogasse a favor, foram o que me levaram a rever a minha opinião do jogador. O golo que não celebrou foi a gota de água.

Por mim ambos os jogadores estão a mais, melhores cumprimentos e vão ser felizes para outro lado.

Não posso contudo, deixar de tecer considerações sobre a ilusão destes millennials. Acarinhados até à náusea, por adeptos que eles próprios não conhecem melhor, inundados de validação nas redes sociais, por certo sentem-se reis de direito próprio.

 

A culpa não é deles, mas dos adeptos Benfiquistas, que de tanto quererem bem ao clube, acabam por elevar a ídolos, jogadores que na equipa de 1994, dificilmente seriam suplentes.

A quem é que Rafa, o mais dotado dos 2, tirava lugar, a Paneira?

Podemos dizer que o futebol mudou e não se pode comparar, concedo.




O Rafa vive iludido com a sua prestação desportiva.

Se fosse tão bom fora do nosso campeonato, já o teriam vindo buscar.

Rafa não se destaca no nosso campeonato pela sua qualidade (que tem e é muita), mas pela falta de qualidade do nosso campeonato.

Rafa em forma, é um elemento desequilibrador. Falta-lhe a consistência de um Paneira, consistência essa que vale campeonatos, que são competições de regularidade.

O Benfica tem de ensinar os sócios a amar o Clube propriamente. A não adorar estes deuses tiranos em miniatura.

Jogar no maior clube português e europeu, é um privilégio, não um favor.

Rafa arrisca-se a ir para Espanha ou França, arrastar-se por balneários até ao fim da carreira, porque era feliz e não o sabia. Ganhará mais uns trocos, mas nunca aparecerá nos programas de comentários televisivos, como símbolo de Benfiquismo. Será mais um ex assalariado que não percebeu por onde passou.

Grimaldo, esse, já foi despromovido a mero número contabilístico. Não tem, ou alguma vez teve, a qualidade exigível para jogar no SLB, ou sequer a maturidade psicológica. Pessoalmente prefiro 1000 vezes o limitado tecnicamente de nome ‘Eliseu’ que a bailarina do correr para a frente e os outros que defendam, Grimaldo, mas admito que é subjectivo.

Chamam-lhe lateral moderno, eu chamo defesa que não sabe defender.

 

A culpa não é dos jogadores.

Lembro as birras de Simão Sabrosa, a quem fizeram tudo para que continuasse, inclusive dar-lhe a braçadeira de capitão, quando não tinha perfil para tal.

Está na ‘estrutura’.

Relembro as birras de Luisão, sempre a ameaçar bater com a porta se o ordenado não lhe corresse de feição.

Foi capitão e está na estrutura.

Rui Costa é demasiado brando e amaciado por anos de Florença e Milão.

Além de que fez parte do pseudo novo paradigma benfiquista da anterior direcção que se viu representada por Simão e Luisão.

Há mais de duas décadas que não temos um capitão carismático, apenas seguimos o lema de a antiguidade ser um posto.

 Estes miúdos têm de sentir que conquistaram uma honra, e não receber, de mão beijada, algo do clube e da massa adepta.

Senão nunca irão valorizar, senão tarde demais, a entidade constituída em 1904.

A considerar, antes de criticar treinadores ou jogadores.

Comentários

  1. Por acaso nunca tinha visto o tema por esse prisma, da geração. Tem o seu quê de relevante. Mas não terá apenas a ver com os jogadores, mas muito mais com os "novos" adeptos, os tais adeptos millenials. Esses que em vez de idolatrarem o clube, idolatram jogadores. Precisam de vedetas, mesmo que essas vedetas não representem propriamente uma mais valia para o clube condizentes com os valores pagos pelos e aos mesmos. Basta ver como se delirava quando se falava de Cavanni, um jogador nos seus últimos anos, para o qual se preparava pagar absurdos e um contrato catastrófico para alguém em final de carreira. Ou como deliram ainda com a possibilidade de Gotze, outro que já pouco de regularidade tem para dar, para mais neste campeonatos em que é lei poderem bater à vontade nos nossos jogadores. Não questiono a qualidade de um ou de outro que a têm. Apenas não acredito que consigam ter a consistência para realmente serem mais valias constantes para a equipa.
    O caso extremo é Weigl, que é um "0", nem é carne nem é peixe, não ataca nem defende, serve de pino no nosso meio campo, sendo fácil contornar pelos adversários, isto quando não está escondido das jogadas defensivas. É vendido como a última bolacha no pacote quando não falha passes - isto passando para o lado e para trás, claro está, porque quando tenta arriscar mais passes longos e para a frente lá vai a sua estatística para o badagaio. Por isso joga para as suas estatísticas pessoais, "cagando" de alto nas da equipa, o que acaba por significar derrotas e jogos insoços da equipa em vitórias por 1 ou por vezes 2 golos.
    E no entanto é este tipo de jogadores que os adeptos (lá está os tais millenials) adoram venerar. E veneram mais estes jogadores que a própria equipa.
    Eu sou adepto do Benfica, posso simpatizar mais com um ou outro jogador, mas se a equipa não carbura, a minha primeira preocupação é perceber o que está a emperrar. Já estes adeptos, apressam-se a culpar todos os que não entram no seu arquétipo monocórdico de jogador, esquecendo-se que uma equipa faz-se de diversidade, de jogadores diferentes, que trazem qualidades diferentes e úteis à equipa. O facto da direcção emprenhar pelos ouvidos, não tendo o Benfica uma liderança forte que perceba de futebol e que seja imune aos zum-zuns, levou a que o Benfica tenha acabado por ficar com uma equipa de futsal tal a deficiência física dos seus 11's. Se Jesus serviu para alguma coisa, foi pelo menos para dar mais estrutura corporal e física à equipa. Tenho pena que não tenha servido para o que eu acreditava que sería a sua vantagem. Correr com Weigl dali...

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  2. Sim, além da demografia onde se captam os jogadores hoje em dia, a própria mentalidade dos adeptos alterou-se desde os anos 90 até agora. Há uma espécie de aburguesamento cínico num desporto cada vez mais competitivo. Isso aliado à radicalização da mesma táctica de sempre dos outros de Contumil, temos uma situação em que alguns jogadores vão jogar Call of Duty depois de uma derrota.

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